sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Vossas Excelências

Hoje, pela manhã, entendi a essência das teorias de Montesquieu, talvez por uma boa noite de sono que tive e recomposição das energias após mais um dia de lutas.
Após esses quase sessenta dias da deflagração do movimento da Polícia de São Paulo, veio-me à mente, num flash, toda a saga de uma verdadeira epopéia protagonizada pelos Poderes do Estado, em especial pelo Legislativo, representada por nomes como Olímpio, Mentor, Falcão, Giannazi, Diogo, Martins, Felício, Hamilton, Raul, Lopes e tantos outros que, empenhados num fato sem precedentes, fizeram-me recordar da história de David e Golias. A vitória do pequenino sobre o gigante. A grandiosidade da humildade sobre a opulência, do amor sobre o ódio, da inteligência sobre a ignorância, do simples sobre o complexo.
Pude observar perfeitamente a obtenção da vitória sobre a derrota, da conquista, do triunfo.
Uma lição, um baile, uma aula (e que aula). Matemática, educação artística, língua portuguesa, filosofia, política, ética etc, tudo resumido num cenário chamado Assembléia Legislativa.
Esses protagonistas, heróicos do simples poder da palavra, que com ousadia, coragem, persistência e até com certa dose de atrevimento, conseguiram um feito que emociona desde o mais humilde ao mais culto dos sábios, desde uma criança ao mais avançado em idade. Ergueram homens e mulheres de uma Instituição que se achava em ruínas. Esquecida. No ostracismo e no opróbrio. Relegada, marginalizada apesar de, na realidade, nunca o haver sido.
Que pena - pena mesmo - que a mídia ainda não tenha se sensibilizado a respeito desse contexto, dessa efeméride, e não tenha ainda conseguido enxergar ou mesmo vislumbrar essa lição de cidadania, de democracia e aproveitado esse momento solene da oportunidade de ser a primeira a cumprir com seu papel que é o da divulgação desse compartilhamento.
Se o resultado dessa batalha fosse outro, ou seja, se a Polícia houvesse ganho aquilo que reinvindicava e que realmente faz jus, talvez jamais poderíamos sentir o sabor dessa vitória. O sabor da Justiça, da exposição incessante à opinião pública de sua realidade, pelos verdadeiros detentores dessa prerrogativa de trazer ao público a verdade. Vocês, legisladores, deram uma aula do que é ser um verdadeiro educador. Pena que Paulo Freire não pôde presenciar essa maravilha que aconteceu durante esses dias. Vocês realmente fazem jus ao tratamento dispensado: Excelências.
Obrigado pela excelente aula.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sobre Apologia

Há determinados fatos que são veiculados pela Internet que, apesar de causarem impacto num primeiro momento, precisam ser inspecionados antes de formarmos um juízo de valor.
Alguns, causam profunda indignação pelo conteúdo que apresentam e até podem levar o leitor à pretensão de se adotar compulsivamente alguma medida junto aos órgãos públicos competentes.
Para que a atitude que eventualmente venha a ser tomada não tenha efeito contrário ao pretendido é necessário refletir e ponderar no sentido de que a emoção não se sobreponha à razão e com isso procurar evitar eventuais aborrecimentos futuros.
Freqüentemente nos deparamos com informações que aparentemente são de incitação ou de se exaltar a prática de atos antijurídicos pelos seus autores, principalmente aquelas que são transmitidas através de imagens que chocam aos que estão do outro lado da tela.
Por outro lado, para que não sejamos omissos em face desses acontecimentos, é necessária uma atitude para se esclarecer o ocorrido e constatar ou não a prática contrária ao direito.
Nos casos específicos de conteúdos da rede, em razão de sua natureza muitas vezes controversa e polêmica, tem que se verificar se uma imagem foi extraída textualmente, de uma breve porção informativa, ou de uma subdivisão de uma mesma unidade exposta.
Neste caso, verificar se, por exemplo trata-se de trecho de uma encenação, bem como se os requisitos quanto à materialidade do objeto ou indivíduo submetido à ação atendem aos respectivos critérios.
Em cada caso, verificada a positividade de um ato de afronta, cabe então uma medida pelas vias do direito.

domingo, 31 de agosto de 2008

Sob-ética

Na rotina do nosso cotidiano, ao nos levantarmos pela manhã e nos relacionarmos com a sociedade, desde o “bom-dia” à “boa-noite” dados à família, vizinhos, colegas de serviço etc, nos deparamos com a questão da ética, porque ela nada mais é do que um medidor da nossa qualificação de conduta em relação aos outros. Igual a uma fita métrica, ela, através de valores morais, mede a quantas andam nossas atitudes, ações, escolhas, preferências e empreendimentos, seja num determinado momento como no contexto de uma vida toda. À primeira vista, essa palavra nos dá uma boa sensação, assim como a palavra “caráter”, tendo como exemplo a frase: “uma pessoa de caráter”. Temos, porém que nos acautelar com os revestimentos ou com as sensações que causam essas palavras, pois elas tanto podem ser utilizadas para o bem como para o mal. Assim como a aspiração pelos valores democráticos e o bem comum são regidos pela ética, o comportamento nazista também o era. O escritor irlandês Jonathan Swift, através das sátiras atribuídas à sua época , referentes aos debates sobre as lutas políticas e religiosas inglesas retratou, de um modo ético a visão que tinha a respeito de tais fatos, através do personagem Gulliver na terra dos houyhnhnms e dos Yahoos, onde aqueles eram cavalos com dotes de grande inteligência e cultura enquanto estes eram meros homens que andavam de quatro. Já em Liliput eram travadas discussões políticas fervorosas sobre “assuntos de alto nível” como a altura ideal dos saltos de sapatos.